Origem do Termo Meme

domingo, junho 17


O termo meme foi cunhado em 1976 por Richard Dawkins no seu controverso livro O Gene Egoísta. Historicamente, um termo similar (oriundo do grego mneme, "memória") surgiu em 1904 num trabalho do biólogo alemão Richard Semon entitulado "Sentimentos de memória em relação aos sentimentos originais". De acordo com Dawkins, que cunhou o termo e não sabia da palavra mneme, o meme representa uma forma abreviada de mimeme (do grego mimos, "mímico"), já que ele queria uma palavra curta que soasse como gene.

O meme é para a memória o análogo do gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro, ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros, bibliotecas, Internet). No que diz respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode, de alguma forma, autopropagar-se. Os memes podem ser idéias ou partes de idéias, idiomas, sons, desenhos, imagens, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autônoma. O estudo dos modelos evolutivos da transferência de informação é conhecido como memética. 

Quando usado num contexto coloquial e não especializado, o termo meme pode significar apenas a transmissão de informação de uma mente para outra. Este uso aproxima o termo da analogia da "linguagem como vírus", afastando-o do propósito original de Dawkins, que procurava definir os memes como replicadores de comportamentos.

Memes

sexta-feira, junho 15


Um meme é um modelo cognitivo ou comportamental que pode ser transmitido de um individuo a outro; exemplos incluem religiões, filosofias, idiomas, moral, tradições, estórias, modas, e tendências. A sociedade pode ser vista como uma interação de memes múltiplos. Já que o indivíduo que transmitiu o meme continuará a carregá-lo, a transmissão pode ser interpretada como uma replicação; a cópia do meme é feita na memória de outro indivíduo, tornando-o um portador.

A evolução cultural pode ser modelada através dos mesmos princípios de variação e seleção que governam a evolução biológica. Assim como os genes são as unidades básicas de informção e reprodução, os memes são unidades de informação e reprodução cultural. Para os genes humanos serem transmitidos, uma criação genética é requerida. Os memes podem se replicar em poucos minutos, e assim possuem uma fecundidade muito mais alta. Entretanto, a fidelidade da cópia dos memes é geralmente inferior: se uma estória é espalhada pela oralmente de uma pessoa a outra, então a versão final pode ser diferente da original, dependendo dos meios de transferência. É essa variabilidade distingue os modelos cultuais das estruturas de DNA.

Desde a invenção das canções, poemas, escrita e imprensa, os memes se beneficiaram do aumento da fidelidade de cópia e da maior taxa de transmissão. A transmissão via rádio ou via televisão permitiram que indivíduos, com o suporte de corporações ou governos, espalhassem memes a velocidades incríveis, enquanto as redes de informação digital, tais como a Internet, deram o poder a indivíduos a fazer o mesmo. A transmissão e o armazenamento digital dos memes lhes permitem se espalhar sem perda acidental de fidelidade - mas também torna muito mais fácil a alteração deliberada, a análise e controle dos memes.

O Conceito Maia de Tempo

domingo, junho 10


A grande importância dada pelos maias à medição do tempo decorre da concepção que tinham de que tempo e espaço, em verdade, tratam-se de uma só coisa e que flui não linearmente, como na convenção européia ocidental, mas circularmente, isto é, em ciclos repetitivos. O conceito chama-se Najt e é representado graficamente por uma espiral.

Os maias acreditavam que, conhecendo o passado e transportando as ocorrências para idêntico dia do ciclo futuro, os acontecimentos basicamente se repetiriam, podendo-se assim, prever o futuro e exercer poder sobre ele.

Por esta razão, a adivinhação era a mais importante função da religião dos maias. Tanto é assim, que a palavra maia usada para designar seus sacerdotes tem origem na expressão guardião dos dias.

O calendário haab tinha seu uso mais afeto às atividades agrícolas, notadamente na prescrição das datas de plantio, colheita, tratos culturais e previsão dos fenômenos meteorológicos. Era o calendário das coisas e das plantas. Já o calendário tzolkin era usado para as funções religiosas em função do qual se marcavam as cerimonias religiosas, se fazia a adivinhação das pessoas e se encontravam as datas propícias para seus atos civis.

Assim que nascia uma criança, os maias as apresentavam aos sacerdotes que, em função do dia do nascimento, adivinhavam a futura personalidade da criança, seus traços marcantes, suas propensões, habilidades e dificuldades, analogamente ao horóscopo mesopotâmico.

Há estudiosos que defendem que a observação da repetição cíclica das estações do ano e seus eventos climáticos, dos ciclos vegetativos e reprodutivos das plantas e dos animais, sincronizada à repetição do curso dos astros na abóboda celeste, é que acabou inspirando os Maias à criação de seus calendários.

É pois reconhecido que muito da matemática e astronomia dos maias se desenvolveu sob a necessidade de sistematizar o calendários com os principais eventos no qual o desenvolvimento da escrita tinha o papel preponderante de registrar tanto as datas como os eventos.

O mês de vinte dias é um tanto mais natural e adequado na cultura maia, já que a sua matemática usava a numeração na base vinte, que corresponde à soma dos dedos humanos das mãos e dos pés.

Não é por outra razão que a cada katum (período de 20 anos), data auspiciosa como nossa década, os maias erigiam uma stella, monumento lítico belissimamente decorado, no qual registravam as datas e principais eventos, que poderiam ser interpretados no futuro.

Como qualquer outra civilização antiga, os maias sacralizavam os conhecimentos de astronomia, matemática e escrita, sendo estas de função dos sacerdotes e letrados cujos registros se cristalizaram no sistema de calendários, desde muito cedo aperfeiçoados.

Alguns acreditam que os maias identificaram o aspecto energético e espiritual do tempo de cada dia e codificaram isso em seus calendários. O que temos, com efeito, é que, a par do arranjo dos ciclos, os maias tentaram consolidar os principais eventos de tais dias.

Há quem diga que os maias definiam o tempo como uma energia real ou força que existe em todo o universo, cuja freqüência seria 13:20. Treze referir-se-ia às 13 lunações anuais (13 x 28 = 364) onde o mês lunar tem 28 dias, que, coincidentemente multiplicado por 20 (base) resulta em 260 dias, período algo próximo ao ciclo ovariano da reprodução humana.

O Calendário Maia

sábado, junho 9



Há dois tipos de marcação de tempo Maia: o sistema circular, consistindo no tzolkin, no haab e no ciclo de Vênus e a Contagem Longa.

O Calendário Sagrado, o Calendário da Terra, o Almanaque Sagrado, a Contagem dos Dias, o Tzolkin - todos esses termos se referem ao ciclo de 260 dias. O termo Calendário Sagrado, entretanto, é normalmente usado para denotar os múltiplos sistemas interrelacionados, isto é, o quadro inteiro de ciclos. 260 dias é aproximadamente nove luas. O ciclo consiste em 20 selos combinados com um número de um a treze. Cada dia é denominado por seu número e selo, assim resultando num total de 260 dias particulares. Os selos são glifos, também empregados em divinação. Seus significados cobrem temas importantes na cultura Maia e podem ser traduzidos livremente como:

1. Crocodilo Morte Macaco Coruja
2. Vento Corça Relva Terremoto
3. Casa Coelho Junco Faca
4. Lagarto Água Jaguar Chuva
5. Serpente Cachorro Águia Flor

Estes selos também possuem referências míticas, astronômicas e lingüísticas. A ordem dos selos é universal em toda a Meso-América, e existe evidências que o Almanaque Sagrado de 260 dias foi empregado sem modificações por quase 3000 anos; Vento segue Crocodilo, Casa segue Vento, e assim por diante. O ciclo de 13 dias numerados segue paralelo a passagem seqüencial dos selos. Em outras palavras, Vento 1 é seguido por Casa 2, seguido por Lagarto 3, etc. Desse modo, Jaguar 7 (por exemplo) ocorre 40 dias depois de Jaguar 6. Em nenhum códice há provas de que a contagem começasse num dia específico, embora a lista convencional comece com Crocodilo.

O modo no qual os selos possuem significados em diversos níveis da cultura Maia é característico dos estudos do Calendário Sagrado. Seria difícil, incorreto mesmo, promover apenas uma origem ou uso para os selos; o calendário tem múltiplos significados. Então, por que o ciclo de 260 dias é tão importante? Primeiramente, ele corresponde ao período de gestação de 9 meses dos seres humanos, que tem tudo a ver com crescimento e desenvolvimento, idéias caras aos Maias. Corresponde ainda ao intervalo entre os períodos em que Vênus emerge como estrela vespertina e sua emergência como estrela matutina (aproximadamente 258 dias), o intervalo entre o plantio e colheita de certos tipos de milho, base da culinária da região.

O ciclo de 260 dias não corresponde diretamente a qualquer período astronômico, embora sirva de denominador comum para sintetizar os ciclos do Sol, Mercúrio, Vênus, Lua, Terra e Marte (planetas observados pelos Maias em seus observatórios). Em essência, é o fator-chave de todos os períodos. Estranho é pensar que corresponde ao nosso próprio período gestacional. O ciclo solar, que é realmente os 365 dias, 5 horas e 45 segundos, que a Terra leva para viajar em torno do sol, foi concebido como um ciclo acessório para o tzolkin. Foi chamado de haab (ciclo de chuvas) e consiste de 18 meses de 20 dias, com um mês curto de 5 dias no fim. Datas haab são indicadas por um nome de mês e um número do dia.(Diferentemente das datas tzolkin, os meses e números do haab seguem nossa costumeira contagem de meses e dias - Zec 2 no haab é seguido de Zec 3, Zec 4, Zec 5 e assim por diante). Num sentido, esses dois ciclos representam os interesses sagrados e seculares da cultura. O haab é o óbvio ciclo anual, enquanto o tzolkin estrutura uma dimensão escondida, mais próxima ao sagrado. Juntos, compunham o quadro para predição de eclipses, marcação de festivais, e para escalonamento de visitas a templos. Os 19 meses são, na linguagem Maia Yucatec:

Kayab Zec Sac Cumhu Xul Ceh
Yaxkin Mac Uo Mol Kankin
Zip Chen Muan Zotz Yax Pax
Vayeb (mês de 5 dias)

O haab Tikal começava em Pop 0 e numerava os meses de 0 a 19. O haab Quiche e Ixil começavam em 1 Kayab e numeravam os meses de 1 a 20.

Aqui é onde as coisas ficam um pouco complicadas, e onde principiamos a ver os usos mitológicos do Calendário Sagrado. A qualidade de um ano é determinada pelo selo que cai no Dia de Ano Novo - que é o primeiro dia do haab. Este dia especial é chamado de arauto-do-ano, ou, em moderno Maia Ixil, o mam. O haab de 365 dias é uma aproximação casual do que chamamos ano, uma referência ao vago ano solar. Já que 20 selos divididos por 365 resulta em 18 com 5 sobras, o arauto-do-ano avança 5 selos todo ano. Além disso, 5 está contido em 20 quatro vezes; assim, há 4 possíveis arautos-do-ano. Eles correspondem às 4 direções e (para os Maias Quiche) as 4 montanhas sagradas. O sistema de arauto-do-ano, então, é o ciclo de 4 anos de selos superiores que consecutivamente caem no Dia de Ano Novo. Porque o ano começava em dias diferentes para diferentes grupos Maias, há 5 sistemas de arautos-do-ano possíveis. Na prática, apenas o segundo sistema parece ainda estar em uso, entre grupos Maias na Guatemala.

Vênus tem um ciclo de 584 dias. Em outras palavras, Vênus se levantará como estrela matutina aproximadamente a cada 584 dias. Este era um ciclo importante para os Maias. As aventuras astrolo-míticas do Sol e Vênus eram, sem dúvida, analisadas de perto pelos Maias antigos, e há razão para suspeitar que o tzolkin surgiu, em parte, para estruturar os ciclos relacionados com as duas luzes celestiais proeminentes (Sol e Vênus). Isto pois a relação entre os ciclos solar e de Vênus é bastante simples: 5 ciclos de Vênus equivalem a 8 haab. A influência do terceiro fator celestial, a Lua, foi construída no próprio ciclo tzolkin. O relacionamento cíclico entre o Sol e Vênus indica que Vênus traça uma estrela de cinco pontas no céu por um período de 8 anos. E oito é uma oitava musical.

Já que 20 selos dividem 584 vinte e nove vezes com 4 de sobra, o ciclo de Vênus começa em um dos 5 possíveis selos. Assim como o sistema de arautos-do-ano, o sistema de selo de Vênus se repete seqüencialmente, repetidamente. O início do ciclo de Vênus é considerado o dia no qual o planeta emerge como a estrela matutina, quase 4 dias depois da conjunção com o Sol. Os 5 selos que indicam quando Vênus emergirá como estrela matutina serve como um mecanismo de predição; os sacerdotes-astrônomos Maias analisavam, projetavam e prediziam aparecimentos futuros da estrela matutina. Quando os números coeficientes são considerados (fato que ignoramos por muito tempo), o cálculo se torna mais complexo e os ciclos mais amplos. A constante de correlação G-M-T (Goodman-Martinez-Thompson) de 584283 é a mais aceita.

O primeiro grande ciclo que deparamos se chama Ciclo Calendárico. Acontece quando todas as possíveis combinações do tzolkin e haab são exauridas e o mesmo dia tzolkin e haabhaab) devem passar antes que Vento 1 inicie um novo ano. O ciclo de 53 haab é chamado de Ciclo Calendárico. Foi amplamente usado pelos Maias e Astecas e é vagamente relembrado pelos Maias Ixil da Guatemala. acontecem juntos. Por exemplo, vamos supor que arauto-do-ano Vento 1 inicia um novo ano. Agora, este mesmo selo do arauto-do-ano retornará para iniciar um novo ano somente 4 anos depois. Mas quando considerarmos o coeficiente numérico 13, então (13x4) = 52 anos (haab) devem passar antes que Vento 1 inicie um novo ano. O ciclo de 53 haab é chamado de Ciclo Calendárico. Foi amplamente usado pelos Maias e Astecas e é vagamente relembrado pelos Maias Ixil da Guatemala.

A matemática é a seguinte:

260x73=365x52=18.980 dias

Novamente, este é o mais curto espaço de tempo em que tzolkin e haab podem sincronizar-se. Mas onde se encaixa Vênus nisso tudo? O grande ciclo de tzolkin, haab e Vênus é completado quando se sincronizam no selo superior de emergência, o dia sagrado de Vênus: Ahau 1. A natureza do ciclos de tzolkin, haab e Vênus são tal que se sincronizam a cada 104 haab, que acontece ser dois Ciclos Calendáricos. A matemática é a seguinte:

260x146=365x104=584x65=37.960 dias

Isto é uma conquista calendárica impressionante. Mais ainda, os Maias mitologizavam este elo sagrado no Popol Vuh e no Códice Dresden (um dos únicos livros restantes à fúria do Bispo Diego de Landa). As 5 possibilidades de selos no qual Vênus poderia emergir como estrela matutina estão gravadas no Códice Dresden como: Flor (Ahau), Lagarto, Coelho, Relva, e Coruja. Ahau era o selo principal e o primeiro Ahau era o dia sagrado de Vênus, representando a grande sincronia de tzolkin, haab e Vênus.

Sumarizando:

Tzolkin: 260 dias, 20 selos combinados com 13 números.
Haab: 365 dias, 18 meses de 20 dias cada, mais um mês de 5 dias.
Ciclo de Vênus: 584 dias, de uma aparição da estrela matutina a outra.
Ciclo Calendárico: sincronização de tzolkin e haab a cada 52 haab (18.980 dias).
Ciclo Calendárico completo: equivale a 2 Ciclos Calendáricos (sincronização de tzolkin, haabhaab - 37.960 dias). e ciclo de Vênus a cada 104 haab - 37.960 dias).

Outra forma de marcação de tempo que foi empregada pelos Maias é conhecido como a Contagem Longa, pois lida com ciclos maiores de tempo. É escrito utilizando-se de pontos para indicar a disposição dos valores (por exemplo: 8.15.6.0.4). As disposições à esquerda são de maior valor. O método de datação da Contagem Longa é baseado na contagem de dia hierárquica calcada no 20. A data acima representa a passagem de 8 baktuns, 15 katuns, 6 tuns, zero uinals, e 4 dias desde a data zero. O arranjo desta data zero tem sido uma questão difícil para os estudiosos dos Maia. A hierarquia dos dias é a seguinte:

1 dia=1 dia
120 dias=1 uinal
2018 uinals=1 tun
36020 tuns=1 katun
720020 katuns=1 baktun=144.000 kins
13 baktuns=1 Grande Ciclo=1.872.000 kins

Desse modo, 1 Baktun equivale a 144.000 dias, 1 katun equivale a 7200 dias, 1 equivale a 360 dias, e um uinal equivale a 20 dias. Também de importância, isso revela o relacionamento entre humanos e o cosmos em termos do período de 20 dias: o uinal. O termo similar uinac significa pessoa!O sistema de datação de pentadecimal da Contagem Longa é encontrado em centenas de inscrições em sítios arqueológicos. Felizmente, elas ocorrem, normalmente, paralelamente às datas tzolkin/haab, o que permitiu aos arqueólogos correlacionar os dois sistemas (elas são constantemente relacionadas). Como pode ser observado, a Contagem Longa gera um período mais lato de tempo conhecido como Grande Ciclo. Este período de 13 baktuns é de quase 5125 anos, e deve terminar em 2012 a.D. A data final em 2012 é assinalada na Contagem Longa como 13.0.0.0.0 - que significa que 13 baktuns, ou quase 1.872.000 dias se passaram desde que o Grande Ciclo começou. Especificamente, o Grande Ciclo começou na data tzolkin de 4 Ahau, e também terminará em 4 Ahau. A Contagem Longa parece ser o método de datação mais abstrato. Contudo, percebe-se que os ciclos que ela gera são estranhamente conectados aos fenômenos planetários e, em última análise, aos processos de desenvolvimento humano.A Contagem Longa e o sistema tzolkin/haab/Vênus são teoricamente separados, embora 37 ciclos de Vênus é igual a 3 katuns. Há duas outras conexões entre as contagens "longas" e "curtas": 1) 72 haab=73 tun; 2) 13 tun=18 tzolkin. Isso é fortuito, ou existe um padrão mais profundo, escondido?


Tanto a Contagem Longa e o tzolkin/haab são empregados conjuntamente em muitas inscrições arqueológicas por toda Meso-América. O sistema calendárico conhecido como calendário Juliano foi estabelecido por Júlio César em 46 a.C, que era o ano 709 do Império Romano. Ele fazia a contagem anual mais precisa adicionando um dia extra a cada quarto ano, assim aproximando o ano solar a 365, 25 dias. (Em comparação, os Maias já haviam chegado à fórmula que mais precisamente calculava o ano solar em 365,2422 dias). O dia extra não foi oficialmente utilizado até 8 A.D, durante o reinado de Augusto. A expansão do Império Romano nos séculos subseqüentes tornou esse calendário amplamente reconhecido. O sistema de numeração de anos designado por A.D. (Anno Domini) foi instituído em 525 A.D. pelo abade romano Dionysius Exiguus.Já que o calendário Juliano é ainda impreciso, uma discrepância foi sendo construída ao longo dos séculos, causando problemas ao se determinar a ocorrência da Páscoa. Em idos do século XVI, a Páscoa (no hemisfério norte) estava quase acontecendo no verão. O problema foi resolvido pelo Papa Gregório XIII em 1582. A reforma ressincronizou a contagem de tempo com relação aos equinócios saltando dez dias; em outras palavras, 4 de outubro de 1582 foi seguido de 15 de outubro de 1582. Todavia, o ciclo seqüencial dos nomes dos dias da semana não foi quebrado. A regra para os anos bissextos também foi mudada. No novo calendário Gregoriano, um ano que é divisível por 4 é um ano bissexto a menos que seja divisível por 100 mas não por 400. Assim, 1700, 1800, 1900 e 2100 não são anos bissextos.Demorou um pouco para o novo calendário ser adotado em todos os países europeus, embora Itália, Espanha, Portugal e Polônia o tenham feito imediatamente. Inglaterra e as colônias britânicas só o fizeram em 1752. Rússia foi a última a se remodelar: depois da Revolução Bolchevique 31 de janeiro de 1918 tornou-se 14 de fevereiro de 1919.A Contagem Longa se inicia numa dada data na história; geralmente tem sido aceito que o começo do Baktun 0 é 4 Ahau 8 Cumhu. A Contagem Longa, como nosso sistema moderno de notação hexadecimal nos computadores digitais, é uma notação resumida que permite a expressão de números muito grandes usando uma notação relativamente sucinto. É mais conciso e conveniente, a propósito, do que os Números de Dia Julianos para grande incrementos de tempo, já que a Contagem Longa elimina o problema de se ter que lidar com um número grande toda vez que se quer fazer um cálculo de diferença de tempo.A série completa das nove unidades de medida de tempo da Contagem Longa é, em ordem descendente:

1 alautun = 20 kinchiltuns = 23.040.000.000 kins (dias)

1 kinchiltun = 20 calabtuns = 1.152.000.000 kins
1 calabtun = 20 pictuns = 57.600.000 kins
1 pictun = 20 baktuns = 2.880.000 kins
1 baktun = 20 katuns = 144.000 kins
1 katun = 20 tuns = 7.200 kins
1 tun = 18 uinals = 360 kins
1 uinal = 20 kins = 20 kins
1 kin = 1 kin

Como exemplo do sistema acima, a idade estimada da Terra é de 4, 5 bilhões de anos (sendo o ano Tropical de 365,2422 dias, isto seria 1.643.589.900.000 dias). Na Contagem Longa isto seria 71 alautuns, 6 kinchiltuns, 14 calabtuns, 10 pictuns, 18 baktuns, 15 katuns; o que seria expresso numericamente no sistema Maya como:

Contagem Longa=11.06.14.10.18.15.00.00.00 + 60 alautuns (3 ciclos alautuns)

Se existisse outro valor antes do alautun que fosse equivalente a 20 alautuns, então a contagem, usando dez lugares ao invés dos nove acima, a idade da Terra seria:

Contagem Longa=03.11.06.14.10.18.15.00.00.00

É importante notar que a Contagem Longa nos dá séries de intervalo de tempo mais convenientemente entendidos e controlados pelo indivíduo comum do que o nosso calendário Gregoriano. Por exemplo, o katun de 7.200 dias corresponde aproximadamente ao nosso intervalo de tempo de 20 anos (que é de 7.304 dias; 20x365,2425 que é a duração média do ano Gregoriano). Em se tratando de eventos humanos, isto parece representar um ciclo de tempo bastante adequado para se medir muitas coisas. A duração de uma vida humana é geralmente de 3 a 5 períodos de 20 anos. A duração de tempo média de um governante ou rei tem sido geralmente de 1 ou 2 períodos de 20 anos. Portanto, o katun é uma medida mais adequada para importantes segmentos de tempo para um indivíduo e para a sociedade. Também torna mais fácil fazer cálculos de diferença de tempo para eventos de importância ocorridos durante uma vida.

História do Calendário Maia

sexta-feira, junho 8


Os Maias e Astecas se originaram dos antigos Olmecas, cujo império floresceu na mesma época do reinado de Akenathon no Egito. Com um grupo cultural discreto e identificável, os primórdios dos Maias podem ser traçados aproximadamente à época da fundação do império romano.

O Calendário Maia, um testamento eloquente ao desenvolvimento intelectual e cultural da América Pré-Columbiana, foi utilizado através de maior parte da presenta era de Peixes, e tem sua raiz - como o calendário europeu - no passado, na era de Áries. 35 a.C. é a data da mais antiga stele (monumento com informação calendárica) encontrada. Quando os Conquistadores espanhóis chegaram, a Contagem Longa tinha caído em desuso. Isto fez com que o problema de correlação de datas entre seu calendário e o calendário europeu se tornasse especialmente difícil, e há diversas versões de coeficientes correlacionais ainda existentes, cada um sujeito ao rigoroso escrutínio e teste por antropólogos, ávidos em encontrar a verdade e padrões de entendimento consistentes dos ricamente sedutores artefatos da cultura Mesoamericana.

A constante correlacional G-M-T (Goodman-Martinez-Thompson) de 584.283 é a mais amplamente aceita. A constante é subtraída do Número de Dia Juliano, e então aritmeticamente calculado para traduzir a data em termos Maias.

O próprio Calendário é composto de duas partes básicas, a Contagem Longa e o ciclo calendárico.

A Contagem Longa é um tipo de Número de Dia Juliano, no qual representa, de uma maneira culturalmente, estilizadamente restrita, o número absoluto de dias que se passaram desde um arbitrário dia um (0.0.0.0.0 ou 13.0.0.0.0 4 Ahau 4 Cumhu).

A correlação G-M-T se equivale a 12 de agosto de 3113 a.C. Treze Baktuns (cada um com 144.000 dias) completam uma Grande Era Maia; o próximo 0.0.0.0.0 4 Ahau 3 Kankin está próximo: 22 de dezembro de 2012. A convergência harmônica de agosto de 1987 foi um evento relacionado a este fato, supostamente sendo o "começo oficial" do último ato desta presente era; e, na verdade, aqueles que são astronomicamente (ou astrologicamente) cônscios sabem que uma semana depois ocorreu um stellium de 5 estrelas próximo a Regulus. O calendário ritual era sensível aos movimentos planetários, e quando certos dias ocorriam, os sacerdotes eram alertados que uma conjunção de Vênus com Sol, ou um eclipse, estava próximo.

Acompanhando a Contagem Longa está o tzolkin, ou Roda dos Dias. Este é um ciclo de 260 dias composto de 20 dias nominados e 13 números que correm concorrentemente ao haab (ou vago ano solar de 365 dias), que é composto de 18 meses de 20 dias cada e um período epagômeno de 5 dias. Estas duas partes (o tzolkin e o ano haab) combinam para formar o "século de 52 anos".

Do livro "Observadores do Céu do Antigo México", por A. Aveni (pág. 151): "Imagine... as `engrenagens do calendário' rolando eternamente, depois de um certo tempo uma posição na contagem de 260 dias irá acontecer em dada posição na contagem de 365 dias. Um ciclo completo, ou Ciclo Calendárico, é definido como a duração de tempo entre ocorrências sucessivas de um dado dia nomeado e numerado na contagem de 260 dias com o mesmo número e posição de mês no ano de 365 dias. Tal data completa se repetirá a cada 18.980 dias, o mínimo múltiplo comum de 260 e 365. Este período é igual a 73 tzolkin, ou 52 anos". Em outras palavras, o dia 4 Ahau 8 Cumhu ocorre a cada 52 anos.

Os Maias (e os Astecas, uma cultura cognata) usavam o dia tzolkin com seu nome próprio: Céu Dez, Cinco Lorde Crocodilo, Cinco Lady Coelho, entre outros, povoavam a terra. Vários deuses, poderes e qualidades eram apostos aos valores numéricos assim como os nomes dos dias e meses.

Percebe-se, rapidamente, que Xipe Totec (o Deus do Milho que presidia os sacrifícios) e Quetza Coatl (o herói que se torna deus através de uma apoteose) apesar de divinos, servem a uma deidade maior, assim como a cultura inteira: o Tempo.

O tzolkin pode ser considerado como "duas rodas" que se intercalam e giram, uma sendo a roda dos 13 números dos dias e a outra sendo a roda dos 20 nomes dos dias, originando o calendário divinatório que é essencialmente uma "semana-ano" tendo 20 ciclos de 13 dias cada. Se visualizarmos o tzolkin como sendo duas engrenagens se intercalando, uma de 20 dentes e a outra de 13 dentes, podemos ver que a mesma combinação de um nome de dia particular e um número de dia particular ocorrerá novamente a cada 260 (13x20) dias.

Uma vez que as rodas tzolkin têm suas engrenagens assentadas em determinada data, elas podem ser giradas para frente ou para trás para se encontrar um novo número de dia e um novo nome de dia para qualquer quantidade de dias a partir da data que as engrenagens foram alinhadas. Encontrar a nova data tzolkin é então uma questão de contar os dias girando as engrenagens tzolkin.

O ano haab, em contraste ao tzolkin, é um calendário solar de 365 dias. O haab é formado de 18 "meses" de 20 dias, com a adição de um 19º mês de 5 dias no fim do ano. (Observe-se que apesar de nos referirmos a estes como "meses" para nossa conveniência, no ciclo haab e o ciclo tzolkin são baseados inteiramente em ciclos contínuos que são maiores do que o dia e mais curtos que o mês, portanto perfazendo "calendários semanais").

Caso se imagine as "engrenagens do calendário" do tzolkin e as "rodas" do haab mescladas, então temos uma roda tzolkin com 260 dentes e uma roda haab com 365 dentes. Eles são alinhados pelas datas que escolhemos quando arrumamos os alinhamentos iniciais das rodas do tzolkin e do haab. Embora elas rolem eternamente, depois de certo tempo uma posição na contagem de 260 dias (tzolkin) acontecerá novamente em determinada posição da contagem de 365 dias (haab). Um ciclo completo, ou Ciclo Calendárico, é definido como a duração de tempo que passa entre ocorrências sucessivas de um dado dia numerado e nomeado na contagem de 260 com o mesmo número e posição mensal no ano de 365 dias. Tal data completa se repetirá a cada 18.980 dias, que é o mínimo múltiplo comum de 260 e 365. Esse período é conseqüentemente igual a 73 tzolkin, ou 52 anos solares.